Balões de Pensamento é o primeiro livro do tradutor e jornalista de quadrinhos Érico Assis e reúne uma seleção das
colunas publicadas entre 2010 e 2013 no site da Companhia das Letras. Dito assim, dá a impressão de um livro chapa branca, centrado nos lancamentos da editora e anódino. Não é assim, mas uma coletânea de preocupações, lembrancas e causas ao mesmo tempo pessoais e de todo leitor de quadrinhos de uma certa idade.
Se você vem prestando a atenção na cena de quadrinhos brasileira da última década, certamente já se deparou com o trabalho de Assis, seja como tradutor (de
Retalhos à biografia de Jack Kirby, mais ou menos cronologicamente), colunista (no
Omelete e na Companhia das Letras) e resenhista em uns jornais e revistas. E nos três papéis com igual competência e cuidado. Sem polemismo bobo, sem tentar criar uma "marca", sem diminuir ou exagerar as questões que aparecem no mundo dos quadrinhos e com mais conhecimento e atenção do que a maioria dos "colunistas" e "
influencers" por aí. E, muito importante, sem perder o entusiasmo com o meio. É isso que você encontra em
Balões de Pensamento.
Acho um desserviço ao livro destacar algum de seus textos -
as colunas ainda estão no site e você pode conferir. Acho só que vale mencionar que o livro contra com novas ilustrações de
André Valente,
Gabriel Dantas,
Samanta Flôor,
Ing Lee e
Wagner Willian.
Ler
Balões de Pensamento foi muito satisfatório para mim, por algumas razões. A primeira é que eu vivi experiências semelhantes às relatadas no livro - do desprezo manifesto das pessoas pelos quadrinhos aos sucessos cinematográficos e "respeitabilidade", passando pela descoberta da
Wizard (a minha foi a
27), na época que ter esse tipo de informação te tornava o
nerd mais
cool do bairro. E conheço o Érico desde o final dos anos 90, quando nos batemos em alguma lista de discussão e começamos a conversar e comprar os gibis um do outro. Mas, mais que ver um amigo "chegar lá", fico muito contente de ver o amadurecimento de um crítico com o conhecimento e empolgação que os quadrinhos merecem.
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